Após reunião com arcebispo, impasse é mantido entre governo e professores

11-05-2012 18:25
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Categoria está em greve há 31 dias na Bahia.Dom Murilo Krieger participou de reuniões com intuito de encerrar greve.

O coordenador geral da Associação dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Rui Oliveira, está em Brasília nesta sexta-feira (11) para participar de uma audiência com o Ministério da Educação. De acordo com Rui, um documento será entregue apresentando as irregularidades relacionadas às condições dos profissionais de educação na Bahia.

Na quinta-feira (10), o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil Dom Murilo Krieger se reuniu com representantes dos professores da rede estadual de ensino, na tentativa de mediar as negociações com o governo, com o inutuito de encerrar a greve da categoria na Bahia que já dura 31 dias. "Ele recebeu uma comissão nossa, disse que falou com o governador, que estava intransigente, mas que insistiria e segunda-feira nos daria um retorno", diz Rui Oliveira sobre o encontro com Krieger.

O arcebispo também se reuniu no mesmo dia com o secretário da Educação do Estado da Bahia, Osvaldo Barreto, que afirmou que o governo sempre esteve aberto ao diálogo com os professores. O secretário, segundo a assessoria do governo, também teria dito para Krieger que o valor pago aos professores está acima do piso nacional, com remuneração superior a de estados como Rio de Janeiro e São Paulo, além de oferecer um plano de carreira estruturado.

Em greve , os profissionais da educação da Bahia pedem reajuste de 22,22% para todos os níveis da categoria. O governo, no entanto, afirma que irá seguir o projeto que enviou e foi aprovado pela Assembleia Legislativa: reajuste de 6,5% para todos os professores (assim como para os servidores estaduais) e 22% apenas para aqueles que dão aulas no ensino médio.

Qualidade

Os professoes da rede estadual de ensino entendem que há como repor as aulas suspensas pela greve da categoria, mas dizem que o importante a se discutir é a qualidade da educação no estado. "Se não tiver qualidade, a gente não chega em lugar nenhum", pontua a professora Silvana Santos.

A professora Graciene Nunes é uma das que também compartilham dessa opinião. "Os 200 dias letivos hoje existem, mas eu sou de uma época em que tinham 180 dias letivos. Nós sabemos muito bem que, quando nós retornarmos, se tivermos o tempo hábil necessário faremos um novo planejamento de todos os programas e conteúdo e isso [prejuízo] pode ser vencido", avalia.

A colega Zenaide Barbosa acredita que, além do conteúdo disciplinar, é importante ampliar o entendimento sobre o contexto social repassado ao alunado. "Eles têm de ter visão geral de cidadania, política e isso nós podemos repor. Eu trabalho em uma escola que tem educação profissional e nós não temos nada. Vamos formar meninos agora sem estágio, biblioteca, não tem a mínima condição. Então nós lutamos pelo reajuste salarial, mas também pela qualidade da educação. Essa educação conteudística é do século passado", opina.

Movimento grevista

A categoria realizou um café-da-manhã coletivo na segunda-feira (7) com frutas e mingau, em Salvador. Os professores aguardam um parecer do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) que deve julgar um mandado de segurança em que a categoria pede o pagamento dos salários do mês de abril. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), os cortes na folha vão de 30 a 100%.

Os professores disseram que encaminharam ao Ministro da Educação, Aloízio Mercadante, uma carta aberta relatando a greve na Bahia. O documento também foi entregue ao Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, convidado a intermediar as negociações junto ao governo do estado.

Na quinta-feira (3), os professores se reuniram na Praça da Piedade, em Salvador, e realizaram a "Feira da Sobrevivência", com 15 barracas que vendiam frutas, legumes e verduras doados por feirantes de São Joaquim.

Reivindicações

Os professores querem reajuste de 22,22% no piso nacional. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio.

A greve já foi considerada ilegal pela Justiça e o ponto dos grevistas foi cortado. O departamento jurídico do sindicato da categoria (APLB) deu entrada em uma ação com pedido de liminar à Justiça na tentativa de derrubar a ordem que impõe multa diária de R$ 50 mil até encerramento da greve. Segundo o presidente do sindicato da categoria, Rui Oliveira, com o corte dos salários, os professores não vão repor as aulas perdidas durante a paralisação. O Ministério Público fez uma reunião no dia 24 de abril e se colocou à disposição para mediar o impasse entre a categoria e o governo. (G1, 11/05/12)

Fonte: CNTE